Olimpio Guarany
Para refletirmos sobre o tema não será preciso execrar aqueles que até foram chamados de heróis, entre eles Domingos Jorge Velho, por terem
capturado e degolado Zumbi, o líder do mocambo dos
Palmares, no célebre ataque
final a "Cerca do Macaco”, onde estava
homiziado Zumbi, naquele memorável 20 de
novembro de 1695.
Devemos sim, lembrar dos homens e mulheres negras que se
rebelaram a um sistema de opressão. Muitos arriscaram e até perderam as suas vidas por não aceitarem a prisão física e de pensamento. Diante da
humilhação imposta pelos colonizadores, reagiram às tentativas de aniquilamento de seus valores
africanos. Mais do que isso, essas pessoas deram importante contribuição com
seus conhecimentos e ajudaram a construir a nação brasileira.
A luta continua
O 20 de novembro ainda não é feriado nacional. Por enquanto,
menos de dez estados brasileiros decretaram feriado, entre eles o Amapá.
Há situações em que algumas cidades, através de lei municipal, celebram a data com feriado.
Nem em Brasilia, capital da república, é feriado.
Há alguns anos
ouvi a deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ) dizer que, "num país habituado a cultuar personagens históricos de cor branca, nada mais justo do
que ampliarmos tal reconhecimento, mediante a determinação de feriado de âmbito nacional”. Ela se referia ao
dia da morte de Zumbi dos Palmeiras, um herói nacional negro, mas até agora a proposta não vingou. No mês
passado foi aprovada na Comissão de Cultura da Câmara, mas rejeitada na Comissão
de Desenvolvimento Econômico.
O que penso
Mais do que ter o
feriado nacional é fundamental que os negros tenham consciência de sua origem africana e se unam na luta pela
liberdade de informação, manifestação religiosa e cultural. Por outro lado, a sociedade brasileira como um todo deve garantir maior
participação e cidadania aos afrodescendentes, mas como sempre
aparecem os oportunistas, é bom ficar atento aos movimentos daqueles grupos
ideológicos que querem manipular homens e mulheres
negras, em nome de uma luta, para atenderem aos seus caprichos políticos. Por fim, penso que é indispensável que a sociedade esteja pronta
para não permitir o racismo, a discriminação e ao preconceito
racial.
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Olimpio Guarany é jornalista, economista e
professor universitário
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