domingo, 3 de junho de 2018

O mercado não é para governar


Olimpio Guarany
A crise é grave e isso ninguém questiona, mas as soluções precisam ser justas. A greve dos caminhoneiros veio para nos fazer refletir. O Brasil ainda é um país subdesenvolvido e quando se tenta impor a economia as leis de mercado, resulta no que vimos nos últimos dias. Bastou o governo soltar as rédeas da Petrobras e deixá-la seguir conforme rege o mercado para causar esse desastre que estamos vivendo. Imagina uma empresa monopolista, dona única do petróleo brasileiro, se isolar do sistema econômico do país para se deixar levar aos ventos, exclusivos, das regras do mercado?
Pois é. Foi isso que aconteceu com a Petrobras. Ávida para justificar as medidas reabilitadoras perante o mercado, virou as costas para a conjuntura do país e, ao seu bel prazer, impôs uma política exclusivista dos preços, sem medir as consequências para a economia. Ora, o Brasil é considerado rico em recursos naturais e bem classificado entre as maiores economias do mundo, entretanto, é um país pobre, socialmente, com largas diferenças sociais, por causa da alta concentração e péssima distribuição da renda. Essa semana, eu comentei sobre esse assunto no programa de radiojornalismo na 102 FM. Bati na tecla de que um país com essas características fica fragilizado, se submetido exclusivamente às leis de mercado, especialmente quando o tal mercado não atende um dos requisitos básicos que é a livre concorrência.
Quando eu digo que a crise exige soluções justas é  porque não se pode privilegiar os interesses do mercado em detrimento das necessidades do povo, especialmente dos mais pobres. Quando um país subdesenvolvido é submetido ao mercado, enfraquece e passa a ser escravizado pelo esquema financista. E ai eu recorro ao Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica, Evangelii Gaudiun, 58, cujo pensamento sustenta o que tenho escrito aqui neste espaço e dito no programa que faço diariamente no rádio. “O dinheiro é para servir e não para governar”. A política de preços imposta pela Petrobras atende aos interesses do mercado e subjulga o povo. A intervenção do Estado na economia, para regular determinados setores, é indispensável para manter o equilíbrio e justiça para que todos possam ter acesso às benesses, resultado do que o país produz. É isso.

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Olimpio Guarany é jornalista, documentarista, economista e professor universitário

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