- No último dia 5 foi celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Essa data foi instituída pela ONU, em 1972, por ocasião da Conferência de Estocolmo, evento em que foi aprovado, também, Programa das Nações Unidas sobre o tema. A partir daquele ano o mundo iniciava as discussões sobre as questões ambientais até então tratadas como assunto de segundo plano. De lá pra cá nem todos os signatários tem cumprido o que estabelece o programa. Por que será? É que dependendo de quem está no poder, especialmente em países ricos, chamados de desenvolvidos, seguem ou não o que foi estabelecido ou ajustado em sucessivos eventos como a Rio 92, Durban 2002, Kyoto 2007, Paris 2015 entre outros. Depende, portanto, das conveniências das grandes potências. Até o governo FHC, o Brasil vinha respeitando as decisões, os acordos e tomou medidas que, às vezes, foram além do que o mundo esperava. Por ser um país novo, com uma grande extensão territorial e grandes áreas ainda inexploradas, os olhares do mundo passaram a ser diferenciados e até, digamos, com um certo respeito ao Brasil nos quesitos preservação e conservação do meio ambiente. A criação das Unidades de Conservação Federais e a lei do SNUC que rege todo o sistema no país foi aplaudida pelo mundo. Então, o Brasil está fazendo o dever de casa? Até um certo tempo atrás sim, mas do segundo governo Lula para cá não há muito a que se comemorar.Vide o (des)controle do desmatamento.
- O boom econômico no segundo governo Lula fez o Brasil esmorecer, por exemplo, no combate ao desmatamento ilegal. O país é um dos maiores produtores do mundo de commodities agrícolas para a exportação, um dos maiores propulsores da economia brasileira. O que é colhido nas terras desmatadas ilegalmente no Brasil vai parar no exterior e lá se transforma em cosméticos, produtos domésticos, alimentos e embalagens.
- Aqui mesmo, a produção da agricultura, da pecuária e das florestas quase não chega ao consumidor como produto primário. Passa, antes, por um intenso processo de agregação de valor pela indústria de transformação e da agroindústria, além de um bem estruturado modelo de conversão de proteína vegetal em produtos de origem animal. Toda essa cadeia de produtos gerada no agronegócio representa quase 50% do PIB da região centro sul do Brasil.
- Mas o perigo está na Amazônia. Contrariando algumas teses, a floresta amazônica não é o pulmão do mundo, mas uma bomba hidrológica cuja umidade é levada para o centro sul, via parte oeste da América do Sul, e vai explodir em forma de chuvas nessas regiões. Ocorre que essa função importantíssima para manter o equilíbrio climático do planeta está ameaçada.
- Para se ter uma idéia, o instituto de pesquisa Imazon, em Belém, que monitora o desmatamento na Amazônia, há mais de 20 anos, informou que foram derrubados 1.700 quilômetros quadrados de floresta nativa, entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015. A área desmatada é maior que a cidade de São Paulo. Um aumento superior a 210% se comparado com o período anterior. No final de 2016 o mundo se assustou com a notícia de que o desmatamento, no Brasil, cresceu 29%, em relação ao ano anterior.
- Os países ricos descumprem, sucessivamente, os acordos para redução da emissão de gases que destroem a camada de ozônio, essencial para proteger a vida na terra.
- Pois bem. Na semana passada, em nome do desenvolvimento americano, da retomada das fábricas, dos empregos dos americanos, o presidente Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, o tratado assinado na capital francesa e ratificado por mais de 130 países com metas para reduzir poluição emitida por fábricas, veículos e desmatamento e, desta forma, limitar o aumento da temperatura do planeta.
- Essa semana a ONU chamou a atenção do mundo para as ameaças que o planeta sofre. Ou os países signatários cumprem as suas metas ou a vida na terra terá prazo de validade definido a partir de agora.
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- Olimpio Guarany é jornalista, economista e professor universitário
domingo, 11 de junho de 2017
Desenvolvimento x Meio Ambiente
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