Olimpio Guarany
Daqui a oito dias se inicia o julgamento
de Dilma Roussef no processo de impeachment. Nem que eu fosse jurista não anteciparia qualquer juízo
de valor. É bom entendermos
que Juízo de Valor é um julgamento
feito a partir de percepções
individuais, tendo como base fatores culturais, sentimentais, ideológicos e
pré-conceitos pessoais, geralmente relacionados aos valores
morais. A emissão do juízo de valor tem a ver com um julgamento
sem com que seja seguido um pensamento imparcial, racional e objetivo sobre
determinada situação. Isso eu não vou fazer, todavia não posso me furtar de emitir
meu ponto de vista com viés crítico sob o meu pensamento, a respeito da
política econômica.
É impossível não ver os erros cometidos pelos
governos petistas desde 2003, decisivos para levar o Brasil a
situação
que hoje se encontra. Não me interessa fazer aqui uma retrospectiva longa. A
partir de 2014 quando Dilma começou a desenvolver
ações com base em idéias que
eu considero estapafúrdias
para buscar o segundo mandato, vi que o país caminharia
para retrocesso econômico. Os ajustes teriam que começar lá atrás, mas Dilma
preferiu a saída mais fácil. Ao maquiar os números, mostrar
ao país um quadro irreal não foi nada digno e ainda se arriscou ao fazer operações
sem autorização do Congresso,
segundo consta na peça que a acusou de improbidade
administrativa.
A falta de capacidade de diálogo com
o Congresso só piorou a situação. Sem
sustentação no parlamentar, Dilma não conseguiu aprovar as
medidas duras, mas necessárias que, aliás, ela fez questão de esconder durante a campanha. O caldo entornou quando ela estabeleceu a queda
de braço com o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, que admitiu o impeachment.
Pronto. O cenário para
o desastre estava montado, afinal, o Brasil
já havia perdido
credibilidade internacional; o capital estrangeiro se evadiu, a
economia entrou no processo de estagnação e,
como consequência vieram o desemprego, a inflação e o descontrole das contas públicas.
Com o afastamento da Presidente assumiu o
vice, Michel Temer (PMDB), que
adotou medidas sinalizando ao país a retomada do
crescimento econômico. Mas temos que admitir que a
interinidade gera insegurança tanto em quem está no
comando quanto em quem pretende investir, seja ele capital estrangeiro ou
nacional.
O povo brasileiro, ao que me parece, já está consciente
de que não há mais
clima para o retorno de Dilma. Ela teve todos os direitos de ampla defesa
garantidos, e, ao que se vê, não conseguiu sensibilizar os senadores - os juízes - nem a população brasileira. Particularmente entendo não serem consistentes os argumentos da defesa.
Durante o processo do impeachment, o PT
e a Dilma fizeram de tudo, até buscaram holofotes no
exterior tentando emplacar a idéia de
golpe, mas, ao que parece, não
conseguiram. Contribuiu para isso, penso, a descoberta do esquema de corrupção que drenou muitos recursos do país,
segundo o MPF, organizado pelo PT.
Vejo como réquiem -
a missa dos mortos - a defesa que Dilma pretende fazer, pessoalmente, a partir
do próximo dia 29. Penso que é praticamente
impossível ela se livrar do afastamento definitivo. Pra mim
Dilma está no caminho sem volta.
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Olimpio Guarany é jornalista,
economista e professor universitário.
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