Olimpio Guarany
Antes da discussão vamos buscar na história e saber por que
8 de março é o Dia Internacional da Mulher. Num dia como esse em 1911
as funcionárias de
uma fábrica da
Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, nos Estados Unidos, entraram em greve. Queriam reduzir a carga
horária de 16 para 10 horas por dia; salários iguais aos dos homens e melhores
condições de trabalho. No dia 25 de março houve um incêndio na fábrica e 146
operários morreram dos quais 125 mulheres. De lá pra cá as lutas feministas por
igualdade de gênero só cresceram, entretanto foi em 1977 que a ONU instituiu o
8 de março como o Dia Internacional da Mulher, uma forma de homenagear as lutas
dos movimentos feministas por igualdade, justiça e respeito.
Mas, comemorar?
Há segmentos feministas que dizem, sim, que há muito a
comemorar, que grandes avanços foram conquistados. Entretanto há outros que
afirmam que não é data para festas, mas sim para debates, para reflexão, porque
ainda falta muito para a mulher se ombrear ao homem, principalmente em países
subdesenvolvidos como o Brasil.
Engrosso o caldo desse segundo time. O argumento se reforça
quando a Organização das Nações Unidas (ONU) revela que, no mundo em geral,
as mulheres ganham cerca de 27% menos do que os homens para desenvolver a mesma
função.
Todos os outros números divulgados no Brasil mostram que,
apesar dos avanços, a mulher ainda é oprimida, portanto não recebe um
tratamento igual.
Dados recentes da ONU mostram que 7 em cada 10 mulheres são
agredidas ao longo da vida. É que, na grande maioria das vezes, não se vê, mas
essas agressões acontecem perto da gente e geralmente dentro de casa. Seja na
sua rua, na casa da vizinha até na própria familia.
Quantas histórias você já ouviu de que chefes atacam
subalternas e as celebridades quando fazem das suas? A violência contra a
mulher não escolhe classe social.
No Brasil houve avanços no que respeita a legislação. Uma das
últimas, a Lei Maria da Penha tornou possível que
agressores de mulheres no ambiente doméstico ou familiar sejam presos em
flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada. O tempo máximo de detenção
passou de um para três anos. A lei prevê a saída do agressor de casa e a
proibição de sua aproximação da mulher agredida e dos filhos. É tudo? Não.
Outros dados reforçam a tese do avanço, mas
não da igualdade entre homens e mulheres. Sobre o mercado de trabalho, por
exemplo, atualmente 24,9% dos domicílios brasileiros são sustentados por
mulheres.
As disparidades diminuíram, por exemplo,
quando se trata de educação e saúde, mas sobre a oportunidade profissional,
econômica e participação política ainda estamos longe. Senão vejamos: metade da população é do sexo
feminino, mas só 12% ocupam assento no Poder Legislativo.
Por isso, entendo que não é data para festinhas e outros que
tais. É data para ser relembrada de como tudo começou e se situar na história
das lutas, ampliar os debates e manter acesa a chama das conquistas.
Portanto é bom cair na real e entender que ainda não chegamos
nem perto do
que aquelas mulheres de 1911 sonhavam: uma sociedade justa e igualitária.
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Olimpio Guarany é jornalista, economista e professor
universitário
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