segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A Consciência Negra


 Olimpio Guarany
Zumbi dos Palmares, morte em 20/11/1695

Fora as festas, muito comuns nessa semana, principalmente em alguns estados brasileiros, incluindo o Amapá, onde o dia 20 de novembro é feriado, vamos fazer uma reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Nem será preciso execrar aqueles que até foram chamados de heróis - Domingos Jorge Velho - por terem capturado e degolado Zumbi, o líder do mocambo dos Palmares, no célebre ataque final a "Cerca do Macaco”, onde estava homiziado Zumbi, naquele memorável 20 de novembro de 1695.
Devemos lembrar que há uma legião de homens e mulheres negras que se rebelaram a um sistema de opressão. Muito arriscaram e até perderam as suas vidas  por não aceitarem a prisão física e de pensamento. Diante da humilhação imposta pelos colonizadores, reagiram às tentativas de aniquilamento de seus valores africanos. Mais do que isso, essas pessoas deram importante contribuição com seus conhecimentos e ajudaram a construir a nação brasileira.

Histórico
Ao longo de cerca de 300 anos, não se deu tanta importância para as questões dos negros, talvez não deram muita visibilidade,  até que em 1971 o Grupo Palmares anunciava um capítulo significativo na história dos negros do Brasil: a confirmação do dia da morte de Zumbi, em 20/11/1695.
Os movimentos negros foram crescendo no Brasil, e em 1978 foi declarado que o dia do assassinato de Zumbi, passava a ser também o Dia da Consciência Negra. Naquele ano foi dado um passo importante para o reconhecimento de Zumbi como herói  nacional.
De lá pra cá uma série de eventos se sucederam. Em 9 de Janeiro de 2003, a lei 10.639 incluiu o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar. A mesma lei torna obrigatória o ensino sobre diversas áreas da história e cultura Afro-Brasileira.

A luta continua
O que os negros ainda não conseguiram foi transformar o dia 20 de novembro em feriado nacional. Por enquanto, menos de dez estados brasileiros decretaram feriado. Há situações em que algumas cidades, através de lei municipal, celebram a data com feriado. Nem em Brasilia, capital da república, é feriado.
Há alguns anos ouvi a deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ) dizer que, "num país habituado a cultuar personagens históricos de cor branca, nada mais justo do que ampliarmos tal reconhecimento, mediante a determinação de feriado de âmbito nacional”. Ela se referia ao dia da morte de Zumbi dos Palmeiras, um herói nacional negro.

O que penso
Mais do que ter o feriado nacional é fundamental que os negros tenham consciência de sua origem africana e se unam na luta pela liberdade de informação, manifestação religiosa e cultural.  Por outro lado, a sociedade brasileira como um todo deve garantir maior participação e cidadania aos afrodescendentes. Não podemos permitir que grupos minoritários ideológicos manipulem homens e mulheres negras, em nome de uma luta, para atenderem aos seus caprichos políticos. Por fim, penso que é indispensável que a sociedade esteja pronta para não permitir o racismo, a discriminação e ao preconceito
racial.
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Olimpio Guarany é jornalista, economista, publicitário e professor universitário

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