terça-feira, 19 de maio de 2015

Transparência ou gafe?

Olimpio Guarany

Ontem durante o jornal nacional, o mais importante da Rede Globo, o apresentador William Bonner chamou um possível pirata virtual de “cara de maluco”. Claro que a reação do público foi imediata e pelas redes sociais não faltaram protestos. Isso talvez tenha grande impacto para um público acostumado, há anos, em ver o JN na “caixinha” tudo certinho, com uma rigidez editorial que talvez hoje não caiba mais. Imagina um apresentador falar uma gíria ou algo que não estivesse na cartilha criada pelo poderoso Boni, num formato hoje considerado arcaico. A gente sabe que apresentador do JN não podia fazer comentários ou qualquer outra observação que saísse dos padrões estabelecidos pelos rígidos regimentos globais. Tudo tinha que ser na base da seriedade. Ocorre que a própria Globo caiu na real e, digamos, flexibilizou a apresentação dos telejornais. Os apresentadores já se levantam das bancadas etc, ontem, o Boner chegou a sentar na bancada antes de chamar a “Maju”, a moça do tempo. 
Pois bem, mas a polêmica de ontem foi gerada a partir da noticia de que um hacker teria entrado nos computadores de um boeing e roubado informações e até alterado a altitude do avião. Na matéria apareceu a imagem do possível criminoso, uma figura careca com um cavanhaque longo, ao que Boner comentou em seguida. “o mundo está complicado” e concluiu dizendo que o homem responsável por aquilo tinha cara de maluco. Pronto. Foi o suficiente para o Brasil inteiro se manifestar e reprimir o apresentador.
Do meu ponto de vista, Boner foi transparente demais. Talvez pelo fato de ter a liberdade de se movimentar e de comentar, tenha ido além. Afinal não é pela cara que se sabe se uma pessoa é maluca ou não. Mas, talvez nem tenha sido essa a intenção dele, foi mais uma força de expressão. Esse negócio de entrar nos computadores dos aviões e alterar a altitude pra mim é coisa de doido mesmo. A expressão de Boner  chega a ser comum entre nós, serem humanos comuns, às vezes usamos o ditado "de médico e louco todos nós temos um pouco”. No momento em que a TV vai pelo caminho da informalidade, da interatividade, não vejo nada demais uma expressão como essa. Nem precisava o Boner pedir desculpas.
Eu talvez dissesse a mesma coisa.
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Olimpio Guarany é jornalista, economista, publicitário e professor universitário

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