domingo, 1 de julho de 2018

A reação da economia, o agronegócio e o meio ambiente

Olimpio Guarany
Na contramão dos rumos da economia do país,  o agronegócio  faz o caminho inverso. Enquanto se registrou uma retração na produção industrial, por conta do atraso tecnológico, o setor aumentou a produção e cresceu as exportações. Dados do IBGE revelam que o agrobusiness responde por 40% das exportações, algo como 100 bilhões de dólares, dos quais mais 80 bilhões são de superávit, bem diferente das contas nacionais que apresentaram aumento de deficit, nos últimos 4 anos.
No Amapá a chegada dos investimentos no agronegócio começa a mudar a cara do campo. Ainda em 2011 os investidores, principalmente de outros estados que para cá vieram, descobriram que o cerrado amapaense é propício para a cultura de produtos de exportação. No ano de 2012 a área plantada para a produção de grãos foi de cerca de 2,4 mil hectares. Três anos depois pulou para aproximadamente 18 mil hectares.
Por que os produtores de grãos despertaram o interesse de vir para o Amapá?  Alguns fatores devem ser considerados. A localização geográfica, o clima, a proximidade dos países compradores,  a produção próxima ao porto, o que facilita o escoamento e diminui os custos. 
Pelo Zoneamento Ecológico Econômico há, aproximadamente, 400 mil hectares com potencial para a produção de grãos. Imagino que não se vá destinar toda essa área só para a produção de grãos. Apesar dos números favoráveis para uma atividade em plena expansão, não se pode perder de vista os riscos dos impactos ambientais. Historicamente, em outros estados, tem ocorrido um desmatamento desmedido levando a perda de boa parte da biodiversidade, degradação do solo, esgotamento dos mananciais e contaminação do solo e do ar pelo uso indiscriminado de agrotóxico.
O setor é bem-vindo ao estado, desde que aqueles que para cá destinam seus investimentos sejam empresários conscienciosos. Por outro lado, o Estado tem a obrigação de garantir o cumprimento das leis ambientais através de uma fiscalização eficiente e punições exemplares por eventuais danos. 
Nos últimos anos, tem sido crescente o incentivo por práticas agrárias mais conscientes numa perspectiva de desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade favorece não só o meio ambiente, mas também aumenta a produtividade das empresas e diminui os gastos futuros. Mas, ainda é muito comum o desrespeito às leis ambientais, principalmente dos produtores inescrupulosos que só visam o lucro e não revelam nenhuma preocupação com as gerações futuras, talvez seguros da impunidade ou das penas brandas que muitos tomam, quando são flagrados destruindo a natureza. Entendo que politicas agrárias responsáveis ainda é o caminho para a boa convivência entre meio ambiente e o agronegócio.
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Olimpio Guarany é economista, jornalista, documentarista e professor universitário

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