A Expofeira como
indutor da economia
Olimpio Guarany
A partir do fim da segunda guerra mundial praticamente
caiu o liberalismo, mola propulsora do capitalismo da época, que, aliás, foi combatido
por John Maynard Keynes. Em 1936, o economista britânico
publicou uma de suas principais obras: a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da
Moeda para
discutir o papel do estado na economia e dos mecanismos que
poderiam ser usados para reativá-la nas condições
de depressão. À época, o mundo
enfrentava um período de colapso do capitalismo, provocado
pela quebra da bolsa de Nova York em 1929 – o acontecimento
econômico
mais emblemático do século XX.
Mas o que Kaynes tem a ver com a Expofeira do Amapá?
Muito. Estamos vivendo um momento de crise, com a
queda do nível de emprego, com a retração da atividade econômica e vendo o
dinheiro desaparecer de circulação. É nessas horas que vinga a tese de Keynes.
O estado precisa intervir na economia e criar mecanismos para evitar o colapso.
O Estado é o único detentor da ferramenta capaz de mudar esse quadro. É nessa
hora que a Expofeira entra como mobilizador da economia. Em um só lugar onde
pode-se oferecer oportunidades de uma gama imensa de negócios, pequenos e
grandes.
Entendo que a Expofeira deve ser assim mesmo, um
grande espaço para atividades diversificadas, incluído o modelo de arraial,
combatido por alguns, para não ficar
resumido só ao segmento primário. Nesse espaço devem estar contemplados o comércio
e a indústria, dois outros setores da economia,
capazes de promover grande movimentação, criando uma rede de micro
negócios, durante o evento, que resultam em renda, até para quem não tem uma
atividade fixa ou está fora do mercado.
O setor primário
Ao instante em que a Expofeira vira o seu foco para a produção de alimentos e
produção florestal ela passa a criar um leque de oportunidades e alternativas
para destravar esse setor da economia do estado. Não precisa ir buscar na China
o exemplo de desenvolvimento a partir da agricultura familiar. Aqui mesmo no Brasil,
a agricultura familiar é responsável por um terço do
valor bruto da produção agropecuária. Oferece emprego a cerca
de 12 milhões de brasileiros. Ocupa cerca de 75 % da mão de obra empregada no
campo. São homens e mulheres que produzem a ampla maioria dos alimentos
consumidos no país.
Então? Por que no Amapá não pode ser assim?
Tive a informação de que na Expofeira há um espaço onde serão apresentados modelos
para produção agrícola e florestal. Pode
estar ai um indicativo a para esse setor, ainda atrasado da nossa economia. O
setor primário do Amapá ainda se utiliza de um modelo arcaico, por isso é tão
dependente o que nos faz um grande
importador de alimentos de outras unidades da federação.
São nesses ambientes, como se vê Brasil afora, que os
pequenos produtores ou candidatos a produtores passam a conhecer as técnicas
para melhorar o cultivo de produtos de subsistência, por exemplo; os meios de
buscar créditos e metodologias inovadoras de produção.
Para justificar minha tese, sob a ótica econômica,
teria que ter muito espaço para relacionar os diversos motivos e meios para
melhorar, principalmente o setor primário, mas havemos de convir que a
Expofeira é, sem dúvida, um ponto de convergência e um inquestionável indutor
da nossa incipiente economia.
E ai? Num estado pobre como o nosso, quem seria capaz
de promover esse momento de oportunidades senão o estado? Sem a intervenção do
estado com sua capacidade de investimento, definitivamente, isso não seria
possível.
————————————————————————————————————————
Olimpio Guarany é jornalista, economista, publicitário
e professor universitário
————————————————————————————————————————
Nenhum comentário:
Postar um comentário